Portfolio - 50 anos de 1968
DOI:
https://doi.org/10.29146/eco-pos.v21i1.18486Resumo
Carlos Zilio inicia sua carreira de artista com um experimentalismo formal de forte conotações políticas. Uma espécie muito diferente, portanto, de nosso regionalismo populista e estatista. O minimalismo, a arte povera italiana e a pop norte-americana encontravam em sua obra uma leitura singular, vinculadas que estavam ao nosso recente
neoconcretismo de origem construtivista. Quando mora em Paris, no final dos anos 1970, Zilio redescobre, agora com intensidade inédita, a pintura. Ele fora, muito jovem, assistente do grande Iberê Camargo. O retorno à pintura significa, para ele, tanto atualizar o contato com os mestres modernos - Cézanne e Matisse, em particular - como se aproximar a obras contemporâneas como a de Jasper Johns, a meu ver, ainda hoje uma de suas caras referências. Dedicado quase exclusivamente à pintura, Carlos Zilio vem desenvolvendo uma linguagem que não se fixa em identidades figurativas ou formais. Ele pintou telas que vão desde nus meio Pops, meio Matissianos, até grandes círculos abstratos que se envolvem uns aos outros e sugerem uma geometria no limite do caos. De um tempo para cá, no entanto, a inesperada figura do Tamanduá conquistou uma posição proeminente no conjunto do trabalho. Ele surge, despretensiosamente, como mais uma referência biográfica cifrada aqui e ali, nesta ou naquela tela, para a seguir tornar-se objeto de uma investigação formal (que não deixa de guardar vestígios de sua origem existencial) que vem se apurando até os nossos dias. E talvez seja exatamente por meio dessa figuração mais explícita que o artista liberou com mais ímpeto seu élan pictórico, sempre a se equilibrar entre o expressivo e o conceitual.
Ronaldo Brito
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