Da guerra de memórias:
antigos problemas e novas leituras
DOI:
https://doi.org/10.29146/ecops.v25i1.27711Palavras-chave:
Guerra de memórias, Identidade, MemóriaResumo
O artigo aborda o debate atual sobre memória na sua utilização por movimentos identitários contemporâneos, discutindo desde propostas que veem a lembrança coletiva como única, passando pelas discussões que privilegiam a dinâmica do lembrar e esquecer, resultando no reconhecimento das múltiplas narrativas memorialísticas, muitas vezes deflagrando uma verdadeira “guerra de memórias”. Destaca-se como parte desse processo a formação de espaços ampliados de memória, que se deslocaram dos horizontes nacionais para uma configuração global, cujo melhor exemplo é a memória representativa do Holocausto. A mesma cosmopolitização não apenas produziu uma redução semântica, que permitisse sua expansão, mas igualmente se tornou uma fonte contínua de conflitos. Conclui-se que os novos conceitos para o fenômeno da memória (cultural, posmemória, comunicativa, multidirecional, protética) não são apenas tentativas de tipificação, mas pretendem compreender limites de experiências entre lugares, entre temporalidades e mesmo entre modos diversos de elaboração da memória aos processos identitários.
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