“Branco sai, preto fica”

um ensaio de filosofia política radical sobre as cosmopolíticas da racialidade e a crítica da meritocracia moderna

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-ps.v27i3.28362

Palavras-chave:

Meritocracia, Racialidade, Colonialidade, Cidadania

Resumo

O presente artigo faz uma crítica da ideia de meritocracia e das hierarquias cognitivas modernas que a sustentam por meio do conceito de cosmopolíticas da racialidade, a partir de uma discussão sobre a intensa visibilidade da negritude e da invisibilidade do privilégio branco como política identitária. Localizadas no eixo da colonialidade do poder (Quijano, 2005), as questões aqui expostas no campo da educação e do saber visam propor e/ou recuperar programas de intervenção ontoepistemológica que, identificando a agência do que Sueli Carneiro chamou de dispositivo de racialidade (2005), acionam pontos de ruptura próprias da condição racializada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Renata Nascimento, Universidade Federal de Mato Grosso

Pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGCOM/UERJ) com bolsa CAPES. Mestre em Mídia e Cotidiano pela UFF.

José Carlos Messias, Universidade Federal do Maranhão - Imperatriz

Doutor em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi bolsista de pós-doutorado Capes/PNPD do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense. Professor Adjunto do Curso de Comunicação Social/Jornalismo e do Programa de Pós- Graduação em Comunicação da UFMA, Campus Imperatriz.

Referências

BENTO, Maria Aparecida. Silva. Pactos narcísicos no racismo: branquitude e poder nas organizações empresariais e no poder público. 2002. 185 p. Doutorado em Psicologia — Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.

BERNARDINO-COSTA, Joaze; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramón (org.). Decolonialidade e pensamento Afrodiaspórico. 1. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2018.

BUCK-MORSS, Susan. Hegel e Haiti. Novos Estudos, 90 ed., v. 30, n. 2, p. 131-171, jul./2011.

CARNEIRO, Sueli. A construção do outro como não ser como fundamento do ser. 2005. 339 p. Doutorado em Educação –Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

CARNEIRO, Sueli. Dispositivo de racialidade: a construção do outro como não-ser como fundamento do ser. Rio de Janeiro: Zahar, 2023.

CASTRO, Eduardo Viveiros de. A Inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. 5. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2013.

CÉSAIRE, Aime. Discurso sobre o colonialismo. Portugal: Livraria Sá da Costa editora, 1978.

COSTA, Bernardino; TORRES, Maldonado Nelson; GROSFOGUEL, Ramón. Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.

CUNHA, Luiz Antônio. Ensino Superior e universidade no Brasil. In: LOPES, Elaine Marta Teixeira; FARIA FILHO, Luciano Mendes; VEIGA, Cynthia Greive (Orgs). 500 anos de educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Tradução de Renato da Silveira. São Paulo: Ubu Editora, 2020.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

GONZALEZ, Lélia; HASENBALG, Carlos. Lugar de negro. São Paulo, Zahar, 2022.

HASENBALG. Carlos. Discriminação e Desigualdades Raciais no Brasil. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.

HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática de liberdade. 2. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2017.

HUI, Yuk. Tecnodiversidade. São Paulo: Ubu editora, 2020.

MATTIUZZI, Musa Michelle. Merci beaucoup, blanco! escrito experimento fotografia performance. São Paulo: Bienal de São Paulo, 2016.

MBEMBE, Achille. Crítica da Razão Negra. 1. ed. São Paulo: N-1 edições, 2018.

MELO, Willamys da Costa; SCHUCMAN, Lia Vainer. Mérito e mito da democracia racial: uma condição de (sobre)vivência da supremacia branca à brasileira. Revista Espaço Acadêmico, v. 21, p. 14-23, fev./2022.

MIGNOLO, Walter D. Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Literatura, língua e identidade, n. 34, p. 287-324, 2008.

MIGNOLO, Walter D. Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Revista Brasileira Ciências Sociais, v. 32, n. 94, p. 1- 18, jun./2017.

PINHEIRO, Joaquim. A geopolítica da produção e da circulação do conhecimento. Conexão Política, Teresina, v. 18, n. 2, p. 1-20, 2021. doi: 10.14295/conexaopolitica.v18i2.11108.

QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (Org.) A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales, 2005, p. 107-130. Disponível: http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/clacso/sur-sur/20100624103322/12_Quijano.pdf.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. A origem da desigualdade entre os homens. 1. ed. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2017.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social. São Paulo: Lafonte, 2020.

SANDEL, Michael. A tirania do mérito: o que aconteceu com o bem comum? 1. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2020.

SANTOS, Antonio Bispo dos. Colonização, Quilombos, modos e significações. Brasília: UnB, 2015.

SANTOS, Boaventura Sousa. O fim do império cognitivo: a afirmação das epistemologias do Sul, Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019.

SANTOS, Milton. Cidadania Mutilada. In: Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo (Org.). Preconceito. São Paulo, Imprensa do Oficial do Estado, p. 133-144, 1996/1997.

SCHUCMAN, Lia Vainer. Entre o “encardido”, o “branco” e o “branquíssimo”: raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana. 2012. 122 p. Tese (Doutorado em Psicologia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

SILVA, Denise Ferreira da. Ninguém: direito, racialidade e violência. Meritum, v. 9, n. 1, jan./jun. 2014.

SILVA, Denise Ferreira da. A Dívida Impagável. São Paulo: Living Commons, 2019.

SILVA, Denise Ferreira da. Hackeando o Sujeito: feminismo negro e recusa além dos limites da crítica. In: BARZAGHI, Clara et al. Pensamento Negro Radical. São Paulo: Crocodilo/N-1 edições, 2021, p. 193-224.

SILVA, Tarcizio. Racismo algorítmico: inteligência artificial e discriminação nas redes digitais. São Paulo: Edições Sesc, 2022.

SILVA, Renata Nascimento da; BARBOSA, Zilda Martins. Comunidade de aprendizado na pós-graduação: cursos preparatórios em uma dialogia que nasce da solidariedade. Comunicação & Educação, São Paulo, Brasil, v. 26, n. 2, 2022, p. 149–164. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/comueduc/article/view/186395. Acesso em: 13 nov. 2024.

SILVA, Renata. A coletividade negra contra o trauma colonial: meritocracia, colonialidade do saber e filosofia quilombola. E-Compós, [S. l.], v. 27, 2024, p. 1-20. Disponível em: https://e-compos.org.br/e-compos/article/view/2962. Acesso em: 13 nov. 2024.

SODRÉ, Muniz. Fascismo da cor. Rio de Janeiro: Vozes, 2023. E-book

SODRÉ, Muniz., & PAIVA, Raquel. (2019). Comunitarismo e sociedade incivil. Revista FAMECOS, 26(1), e33027. https://doi.org/10.15448/1980-3729.2019.1.33027

SOVIK, Liv. Aqui ninguém é branco. São Paulo, Aeroplano, 2009.

SPIVAK, Gayatri. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2010.

WEBER, Max. A ética protestante e o “espírito” do capitalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

Downloads

Publicado

19-12-2024

Como Citar

Nascimento, R., & Messias, J. (2024). “Branco sai, preto fica”: um ensaio de filosofia política radical sobre as cosmopolíticas da racialidade e a crítica da meritocracia moderna. Revista Eco-Pós, 27(3), 17–40. https://doi.org/10.29146/eco-ps.v27i3.28362