REVISTA ECO-PÓS - CHAMADA DE ARTIGOS (CFP)
O dossiê reunirá trabalhos que discutem deslocamentos epistêmicos advindos também de deslocamentos espaciais e políticos na Comunicação. Busca-se trazer visibilidade ao pensamento periférico, negro, indígena e LGBTQIAP+ para a construção de outros saberes e novos pressupostos, sobretudo a partir de perspectivas críticas e do tensionamento dos modos legitimados de produção de conhecimento. O dossiê, então, tem o objetivo de apresentar grupo de estudos e pesquisadores que propõem o debate aprofundado sobre diversidade de metodologias, conceitos e premissas epistemológicas, apresentando, assim, outros caminhos para a produção científica no campo comunicacional e oferecendo, sobretudo, desvios e transgressões necessárias para o alcance de resultados diferenciados e contracoloniais. Ao conhecer a produção de conhecimento a partir de outra ordem, discutiremos as possibilidades de transformação das cosmopercepções em torno do saber científico.
Nesse sentido, o dossiê busca reunir trabalhos que reflitam (mas não somente), sobre:
- A potência da Escrevivência como método para a Comunicação;
- Práticas metodológicas a partir de epistemologias de terreiro;
- O valor científico da experiência e outros modos de pensar a produção de conhecimento;
- O debate fora do Ocidente e outras cosmopercepções possíveis nos estudos comunicacionais;
- Epistemologias trans e travestis para perspectivas teóricas em Comunicação;
- Saberes indígenas, povos originários e conhecimentos ancestrais;
- A encruzilhada e Exu como ponto de partida político-conceitual para pesquisas em Comunicação;
- Outras e novas perspectivas filosóficas em diálogo com pressupostos comunicacionais;
- Pensamento afrodiaspórico e os saberes em trânsito;
- Aplicações e atravessamentos metodológicos a partir de interseccionalidade;
- A periferia, a favela, o gueto e os conhecimentos que sobrevivem à invisibilização;
- Perfis, trajetórias, histórias de vida invisibilizadas e seus possíveis impactos para estudos em Comunicação;
- A potência criativa das produções epistemológicas da margem ao centro;
- Afrofabulações como transgressão nas imagens, nos textos e nas performances contemporâneas;
- Arte, Comunicação e narrativas contracoloniais;
- Tecnologias da Comunicação e redimensionamentos de estéticas e saberes ancestrais;
- Memória e oralidade nas tensões com cânones comunicacionais; Corpo, ativismos e redefinição de conceitos no campo da Comunicação;
Chamada de artigos (CFP) - Deslocamentos epistêmicos em Comunicação: saberes em (des)construção
Prazo de submissão: até 22 de julho de 2024 [ENCERRADO]
Estimativa de publicação: v. 27, n. 3, dezembro de 2024
Editoras convidadas: Fernanda Carrera (ECO/UFRJ), Ana Lúcia Nunes (NUTES/UFRJ) e Elane Abreu (IISCA/UFCA)
- Dossiê "Alfabetização Midiática: por uma sociedade mais inclusiva e sustentável" (v. 28, n. 1, maio/junho de 2025)
Narrativas emocionais e a verdade descolada dos fatos e sustentada mais em crenças e experiências pessoais do que no mundo real histórico revelam uma crise do jornalismo na vida pública no atual ecossistema informativo. A propagação de informações falsas afeta a mediação e a autoridade dos meios tradicionais de comunicação, mitiga a liberdade de imprensa e a confiança nas instituições, favorece regimes extremistas e torna nebuloso o discernimento dos problemas sociais do Brasil e do mundo. Porém, as fake news são apenas uma instância do fenômeno da desinformação, atreladas a outras formas de distorção de informação, aos mecanismos de inteligência artificial (algoritmos e robôs), ao poder das plataformas (Google, Facebook, entre outras) e o uso de aplicativos (como o WhatsApp, por exemplo). E a desinformação não é o único desafio da sociedade contemporânea. O aumento da pobreza e da desigualdade social, a precarização da saúde pública e do trabalho; as catástrofes, o colapso ecológico acentuado pela crise climática e a extinção da biodiversidade; as ondas nacionalistas e de autoritarismo, o terrorismo e as armas nucleares; a cultura do ódio, a concentração de poder de sistemas cibernéticos e a vigilância de dados pessoais ameaçam a população mundial e a democracia em todo o planeta. Mas a boa informação não é suficiente para combater a desinformação e os problemas sociais e ambientais locais e globais.
A distinção entre a boa e a má informação requer oferta de recursos para ampliar a compreensão dos acontecimentos mediante a interpretação. Habilidades para interpretar notícias são relevantes para lidar com a desordem informacional. As mídias sociais e as tecnologias digitais podem ser apropriadas tanto para promover uma sociedade mais justa e igualitária quanto para intensificar a cultura do ódio e a polarização. A Media Literacy, reconhecida como alfabetização ou letramento midiático no Brasil, e a News Literacy, um subcampo deste saber, contribuem para alargar o entendimento da experiência cotidiana, desobstruir preconceitos, desvelar ideologias imbricadas em representações, averiguar a confiabilidade das notícias e promover a diversidade cultural e políticas de proteção dos direitos humanos, mas não são uma solução para os problemas sociais e ambientais. A alfabetização midiática deve ser compreendida como um conjunto de pensamentos e usos críticos e criativos coletivos da mídia, direcionados ao bem estar social, que transcende as competências individuais e promove uma sociedade mais sustentável e solidária. Esta edição da revista Eco-Pós abre espaço para o letramento midiático como reflexão teórica e prática social com diferentes cores e sotaques capazes de colaborar para o agenciamento cívico de comunidades marginalizadas, a inclusão social, o reconhecimento das diferenças, o enfrentamento da crise climática e um projeto de futuro para a humanidade.
Prazo de submissão: até 15 de março de 2025
Estimativa de publicação: v. 28, n. 1, maio/junho de 2025
Editoras convidadas: Beatriz Becker (ECO/UFRJ) e Claudia Thomé (UFJF)
- Dossiê "Rastros queer na Comunicação" (v. 28, n. 2, setembro/outubro de 2025)
O que ainda quer dizer queer? Que rastros-vestígios tornam o queer um conceito ainda em mutação? A partir dessas questões, propomos o dossiê no sentido de explorar as ressonâncias do termo pelo olhar comunicacional. No mapeamento de saberes dissidentes sexuais e de gênero em uma direção comunicacional, consideramos ir além do queer como mera apreensão de um termo anglófono, mas como uma espécie de conceito-performance, que se territorializa e assume diferentes acoplagens nos corpos nos vínculos do comum. Num contexto profundamente afirmativo, reivindicativo e entrincheirado nas agendas políticas e acadêmicas LGBTQIAPN+, estaria o queer mais interessado na dúvida, no aceno e no deslize?
Em alguma medida, seguir em direção às zonas de desidentificações tanto de um sujeito quanto de um campo são apostas para este dossiê. Após os 20 anos de teoria queer no contexto do Brasil, como o campo da Comunicação tem sido articulado e de que forma podemos apostar na fricção e não estabilização das nossas leituras? Corpos negros, LGBTQIAPN+ e de mulheres repercutem saberes trans, travestis e não-bináries, inclusive pela indisciplina e no sentido de esgotar o próprio queer, como um gesto traveco-terrorista bélico-poético que pode nos ajudar a recriar um comum que tem como núcleo constitutivo as dissidências como lugar próprio da Comunicação.
Assim, os tópicos apontam leituras possíveis dentro da proposta temática, ainda que possa dialogar com outras formulações:
• Fricções e torções conceituais a partir da teoria queer e seus enlaces na Comunicação.
• Estudos da Performance em uma perspectiva comunicacional.
• Imagens híbridas na fotografia e temporalidades queer no cinema.
• Dimensões estéticas, “maravilhas mutantes” e afetos queer nas artes.
• História, memória e semblantes midiáticos queer.
• Dados, algoritmos e a plataformização do saber queer.
• Autoficção e escritas de si a partir de vivências não-bináries.
• Feminismos negros, transfeminismo e as dinâmicas das interseccionalidades.
• Práticas contracolonais, saberes indígenas e territorialidades desejantes na disputa do comum.
• Artivismos urbanos, musicais e desestabilizações na cena.
• Corpo-tela, dispositivos midiáticos e as relações afetivo-sexuais.
Prazo de submissão: até 15 de maio de 2025
Estimativa de publicação: v. 28, n. 2, setembro/outubro de 2025
Editores convidados: Ribamar Oliveira (ECO/UFRJ) e Thiago Soares (UFPE)
- Dossiê "Modernismos no Brasil: textualidades e travessias" (v. 28, n. 3, dezembro de 2025)
Mário de Andrade, em sua emblemática conferência de 1942, no então Ministério das Relações Exteriores, no Rio de Janeiro, ao apontar para o caráter “avassalador” do espírito modernista, identifica nele não apenas “todos os germes da atualidade”, mas também o sintoma de “uma convulsão profundíssima da realidade brasileira”. O autor de Macunaíma realiza um (auto)exame em torno tanto da dimensão transformadora do movimento modernista e da atuação de seus integrantes quanto de seus limites e condições em um país marcado por profundas desigualdades sociais e instabilidades políticas. Nesse sentido, o modernismo representa, ainda hoje, modos de se pensar e de se (re)construir o Brasil a partir de seus aspectos culturais, sociais e (cosmo)políticos, considerando a diversidade de sua configuração e a atuação heteróclita de seus agentes.
Este dossiê, assim, pretende reunir trabalhos que discutam as tensões e revisões dos sentidos de nacionalidade propostos pelo modernismo brasileiro a partir de seus pressupostos programáticos e desdobramentos. Em vez de celebrar episódios tidos como centrais na consolidação do movimento, como a Semana de Arte Moderna de 1922, pretende-se adotar perspectivas descentradas e anarquivísticas sobre figuras, eventos, textos e ações decisivas para as rupturas propostas pelos agentes do movimento, no sentido de “dar uma alma ao Brasil”, como afirmara Mário de Andrade em carta a Carlos Drummond de Andrade, em 1924, depois resgatado pelo rapper Emicida em documentário sobre seu show no mesmo Theatro Municipal que havia, há pouco mais de cem anos atrás, recebido artistas e intelectuais engajados na nova estética.
Assim, espera-se artigos que apresentem (re)leituras críticas de poemas, romances, contos, crônicas, relatos de viagem, cartas, canções, ensaios, desenhos, performances, peças de teatro, pinturas, edificações, danças, entre outros textos, verbais ou não-verbais, em suas travessias e atravessamentos realizados pelos modernismos constitutivos da trama do complexo e inacabado texto, ou tecido, que compõe o Brasil.
O dossiê será, portanto, composto por trabalhos que discutam (mas não somente) questões relativas aos seguintes temas:
• Modernismo, estado e cultura
• Escrita literária e experiências artísticas no modernismo
• Relações e tensões entre cultura popular e o conceito de nacionalidade
• Arquivos literários e o modernismo
• A epistolografia modernista
• Cosmopolitismo, modernismo e cultura nacional
• Artes visuais e o modernismo no Brasil
• Perspectivas interartísticas e as figurações da nacionalidade no modernismo
• Estéticas e políticas nos modernismos
• Os modernismos negros na cultura nacional
• Questões de gênero e sexualidade no modernismo
• Materialidades, objetos e tecnologias
• Modernização, espaços e cidades
Prazo de submissão: até 15 de julho de 2025
Estimativa de publicação: v. 28, n. 3, dezembro de 2025
Editores convidados: André Botelho (UFRJ), Denilson Lopes (ECO/UFRJ) e Rodrigo Jorge Neves (UERJ)