Como insurgir no acontecimento pelas imagens: notas sobre uma modalidade de regime estético
DOI:
https://doi.org/10.29146/eco-pos.v20i2.10688Resumo
Produzidas no ato de disputas coletivas, como os protestos de rua, em que o corpo que filma, o documentarista, é também manifestante, as imagens insurgentes apontam para um modo de estar no acontecimento. Mapeando traços comuns a elas questiona-se em que medida é possível falar de uma modalidade de regime estético no qual a imagem não é resultante, mas constituinte do acontecimento político. Apostamos que tal modalidade estética nasce da vontade de visibilidade que extrapola o mero registro e se configura como um instrumento próprio da ação política que é fruto de um empenho corporal. Se o acontecimento, como um campo de forças, constrange os corpos, ele o faz também pela presença do corpo-câmera que, ao produzir imagens, cria um empuxo que modula ações e gesta movimentos. Para encontrar essa dimensão performativa das imagens insurgentes onde acontecimento e visibilidade se interpenetram, além da construção teórica, analisamos o curta-metragem Na missão, com Kadu (2016).Downloads
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