Como insurgir no acontecimento pelas imagens: notas sobre uma modalidade de regime estético
DOI:
https://doi.org/10.29146/eco-pos.v20i2.10688Abstract
Produzidas no ato de disputas coletivas, como os protestos de rua, em que o corpo que filma, o documentarista, é também manifestante, as imagens insurgentes apontam para um modo de estar no acontecimento. Mapeando traços comuns a elas questiona-se em que medida é possível falar de uma modalidade de regime estético no qual a imagem não é resultante, mas constituinte do acontecimento político. Apostamos que tal modalidade estética nasce da vontade de visibilidade que extrapola o mero registro e se configura como um instrumento próprio da ação política que é fruto de um empenho corporal. Se o acontecimento, como um campo de forças, constrange os corpos, ele o faz também pela presença do corpo-câmera que, ao produzir imagens, cria um empuxo que modula ações e gesta movimentos. Para encontrar essa dimensão performativa das imagens insurgentes onde acontecimento e visibilidade se interpenetram, além da construção teórica, analisamos o curta-metragem Na missão, com Kadu (2016).Downloads
References
ARENDT, Hannah. A vida do espírito. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1995.
AUMONT, Jacques. O olho interminável: cinema e pintura. São Paulo: Cosac Naify,1990 [1993].
AUSTIN, J. Quando dizer é fazer. Porto Alegre, Artes médicas, 1990.
BRASIL, André. Bicicletas de Nhanderu: lascas do extracampo. Revista Devires -- Cinema e Humanidades. Belo Horizonte: UFMG (Fafich), v. 9, n.1, p. 98-117, jan/jun 2012.
______________. Formas do antecampo: performatividade no documentário brasileiro contemporâneo. Revista FAMECOS. Porto Alegre, v. 20, n. 3, pp. 578-602, set./dez. 2013.
______________. Pacific: o navio, a dobra do filme. Revista Devires -- Cinema e Humanidades. Belo Horizonte: UFMG (Fafich), v. 7, n.2, jul/dez. 2010.
______________. A performance: entre o vivido e o imaginado. PICADO, Benjamin, MENDONÇA, Carlos Magno e FILHO, Jorge Cardoso. Experiência Estética e Performance. Salvador: EDUFBA, 2014.
BRENEZ, Nicole. Political Cinema Today -- The New Exigences: For a Republic of Images. Screening the past. Chicago, issue 37, out. 2013.
COMOLLI, Jean-Louis. A última dança: como ser espectador de Memory of the camps. Revista Devires -- Cinema e Humanidades. Belo Horizonte: UFMG (Fafich), v. 3, n.1, jan/dez 2006.
_______________. Sob o risco do real. Catálogo forumdoc.bh.2001. (5ª Festival do Filme Documentário e Etnográfico), Belo Horizonte, 2001.
DANEY, Serge. A rampa. São Paulo: Cosac Nayf, 2007.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Lisboa: Edições Afrodite, 1972.
DELEUZE, Gilles. Lógica do Sentido. São Paulo, Perspectiva, 2015.
DIDI-HUBERMAN, Georges. Diante do tempo: história da arte e anacronismo das imagens. Belo Horizonte, Editora UFMG, 2015.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1987.
HARTOG, François. Regimes de Historicidade: presentismo e experiências do tempo. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2013.
LEVI, Primo. É isto um homem. Rio de Janeiro: Rocco,1988.
NICHOLS, Bill. Introduction to Documentary. Bloomington: Indiana University Press, 2000. NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em História e do Departamento de História da PUC-SP. São Paulo, 1981.
NIETZSCHE, Friedrich. Vontade de Potência. São Paulo: Escala, 2004. V. 2.
RANCIÈRE, Jacques. O desentendimento. Política e filosofia. São Paulo: Ed.34, 1996.
_________________. A estética como política. Revista DEVIRES -- Cinema e Humanidades. Belo Horizonte: UFMG (Fafich) v.7, n.2, p.14-36, 2010.
_________________. O destino das imagens. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.
SIBILIA, Paula. O show do eu: a intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
SELIGMANN-SILVA, Márcio. Narrar o trauma: a questão dos testemunhos de catástrofes históricas. Psicol. clin. [online]. 2008, vol.20, n.1, pp.65-82.
VEIGA, Roberta. O confinamento de Vanda: uma leitura do dispositivo. Revista Doc On-line, n. 18, pp. 192-215; setembro de 2015.
WILLIAMS, Linda. Hard Core. Power, pleasure and the frenzy of the visible. University of California Press, 1999.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização ou reprodução.
Você tem o direito de:
- Compartilhar — copie e redistribua o material em qualquer meio ou formato.
- Adaptar — remixar, transformar e construir sobre o material para qualquer filme, mesmo comercial.
O licenciante não pode revogar esses direitos, desde que você respeite os termos da licença.
De acordo com os seguintes termos:
- Atribuição — Você deve dar o devido crédito, fornecer um link para a licença e indicar se essas alterações foram feitas. Você pode fazê-lo de qualquer maneira razoável, mas não de maneira que sugira que o licenciante endosse ou aprove seu uso.
- Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos legais ou medidas de natureza tecnológica que restrinjam legalmente outros de fazer algo que a licença permite.
Aviso: A licença pode não fornecer todas as permissões necessárias para o uso pretendido. Por exemplo, outros direitos, como publicidade, privacidade ou direitos morais, podem limitar a maneira como você usa o material.