As semioses do “tornar-se” negra em “Mulheres em Transição”
DOI:
https://doi.org/10.29146/ecopos.v24i1.27399Resumo
Este artigo coloca em discussão o ato de assumir a identidade negra por meio da transição capilar representado na websérie “Mulheres em Transição”. Analisamos, a partir da semiótica peirceana, os capítulos das duas temporadas do conteúdo de marca veiculado pela Salon Line, por meio da marca Todecacho, verificando como a narrativa da websérie aborda cinco semioses sobre os cabelos crespos e cacheados: 1) negação dos cabelos naturais (semioses prévias); 2) início da transição capilar (primeira semiose apresentada); 3) transição capilar (segunda semiose apresentada); 4) reconhecer beleza nos cabelos naturais (terceira semiose apresentada); 5) motivar outras mulheres a aderirem ao uso dos cabelos naturais (semiose posterior). A análise aciona conceitos teóricos sobre a identidade das mulheres negras, em uma perspectiva interseccional, para discutir o “tornar-se negra” a partir dos cabelos crespos e cacheados, em um contexto de centralidade do capitalismo e do consumo.
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