A precariedade dos rostos violentados de mulheres
um clamor ético e político
DOI:
https://doi.org/10.29146/eco-ps.v26i2.28004Palavras-chave:
Imagens, Precariedades, Rostos, Tecnopolíticas, ViolênciaResumo
Este artigo discute a distribuição diferencial e assimétrica de manutenção da vida como condição de precariedade induzida (social e culturalmente), como a de violências contra as mulheres. Elegemos imagens de rostos violentados de mulheres de dois corpus diferentes: o primeiro, usado na problematização do artigo, consiste em imagens de uma campanha internacional produzidas pelo artista Palombo; o segundo foi intencionalmente mapeado a partir do Google, tendo como critério de busca a campanha “Não Se Cale” (2016-2022). Perguntamos, de modo mais pontual: quais linhas de força política estão em jogo na precariedade dos rostos violentados estampados nas campanhas, particularmente na campanha “Não Se Cale”? O movimento de análise permite dizer que as imagens tensionam em expor os rostos vitimados a brutalidade das violências contra as mulheres, na arena pública, revisitando o sofrimento e a dor, como maneiras possíveis de resistir à violência desumanizadora e de traçar suas possibilidades políticas e ética de enfrentamento.
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