Entre vestígios e zonas de opacidade
Tensões familiares e reminiscências da ditadura em 108: Cuchillo de palo (2010), de Renate Costa
DOI:
https://doi.org/10.29146/eco-ps.v28i1.28151Palavras-chave:
Documentário, Ditadura, Vestígios, Sexualidade, ParaguaiResumo
Partindo da análise do documentário 108: Cuchillo de Palo (Costa, 2010), discute-se como a realizadora busca, a partir da ausência e recorrendo a testemunhos, documentos e reminiscências, apreender algo da existência fugaz de seu tio Rodolfo, homossexual preso durante a ditadura paraguaia. Destacamos a relevância que adquirem, nesse contexto, as situações de interlocução e confronto entre Costa e seu pai, discurso que condensa as dinâmicas de ordem familiar pautada pelo contexto repressivo que marca a vida política e cultural do país. Considerando as potencialidades políticas e estéticas produzidas pelo estatuto do vestígio e das lacunas como componentes de uma poética do documentário, busca-se elaborar uma leitura a partir das marcas que o longa-metragem apresenta. Analisamos como as estratégias empregadas respondem às circunstâncias específicas pela constituição do discurso fílmico.
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