Assombro, transgressão e falsificação na estética de combate bolsonarista

Armas discursivas e produção visual na vitória da extrema-direita em 2018

Autores/as

  • Pedro Fiori Arantes Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP / Professor Associado no Departamento de História da Arte https://orcid.org/0000-0002-6652-294X
  • Isabel Barboza Unifesp / Mestranda em História da Arte
  • André Okuma Unifesp / Doutorando em História da Arte
  • Alexandre Vilas Boas Unifesp / Doutorando em História da Arte

DOI:

https://doi.org/10.29146/ecopos.v24i2.27710

Palabras clave:

Guerrilha cultural, Estética de combate, Fábulas regressivas, Performance, Falsificação

Resumen

Neste artigo analisamos diferentes tipologias do que denominamos "estética de combate" da "guerrilha cultural" na extrema-direita, artilharia de comunicação microbiana e viralizada que operou em 2018 com eficiência ideológica e eleitoral. O conjunto de imagens, objetos e performances que problematizamos, do kit gay e mamadeira de piroca ao Rambonaro e Capitão B, passando pelas performances de rua de celebração da prisão de Lula e do assassinato de Marielle, é fruto de uma máquina de subjetivação reacionária asssombrosa. Estamos diante de um regime discursivo e visual que constrói fábulas de adesão e regressão; reitera paranóias, conspirações e recalques; e dissemina ódio, misoginia, homofobia e racismo. Seja pelo heroísmo falsificado, objetos escatológicos ou performances sádicas, esse conjunto estético-político revela um desejo de retorno a uma ordem repressora e moralista capaz de exterminar o inimigo interno, os corpos insurgentes e desconformes, que ameaçam a pátria e a família.

Palavras-chave: guerrilha cultural; estética de combate; fábulas regressivas; performance; falsificação.

 

In this article, we analyze different typologies of what we call "combat aesthetics" of the "cultural guerrilla" on the far right, microbial and viral communication artillery that operated in 2018 with ideological and electoral efficiency. The set of images, objects and performances that we discuss, from the "kit gay" and "mamadeira de piroca" to "Rambonaro" and "Captain B", to street performances celebrating the arrest of former President Lula and the brutal murder of Rio de Janeiro’s city councilor Marielle Franco, is the result of an astounding reactionary subjectivation machine. We are facing a discursive and visual regime that builds fables of adhesion and regression; reiterates paranoia, conspiracies and repressions; and spreads hatred, misogyny, homophobia and racism. Whether through counterfeit heroism, eschatological objects or sadistic performances, this aesthetic-political set reveals a desire to return to a repressive and moralistic order which serves to be capable of exterminating the internal enemy, the insurgent and nonconforming bodies that threaten the homeland and the family.

Keywords: cultural guerrilla; combat aesthetics; regressive fables; performance; falsification.

 

En este artículo analizamos diferentes tipologías de lo que llamamos "estética de combate" de la "guerrilla cultural" de ultraderecha, artillería de comunicación microbiana y viralizada que operó en 2018 con eficacia ideológica y electoral. El conjunto de imágenes, objetos y performances que problematizamos, desde el kit gay y la botella de pito hasta Rambonaro y el Capitán B, pasando por performances callejeras celebrando la detención de Lula y el brutal asesinato de Marielle, es el resultado de una asombrosa máquina reaccionaria de subjetivación. Estamos ante un régimen discursivo y visual que construye fábulas de adhesión y regresión; reitera paranoia, conspiraciones y represiones; y propaga el odio, la misoginia, la homofobia y el racismo. Ya sea a través del heroísmo falsificado, los objetos escatológicos o las actuaciones sádicas, este conjunto estético-político revela el deseo de volver a un orden represivo y moralista capaz de exterminar al enemigo interno, los cuerpos insurgentes e inconformes que amenazan la patria y la familia.

Palabras clave: guerrilla cultural; estética de combate; fábulas regresivas; performance; falsificación.

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Biografía del autor/a

Pedro Fiori Arantes, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP / Professor Associado no Departamento de História da Arte

É Professor Associado da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), doutor pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (2010), com pesquisa sobre as transformações na forma e nos processos produtivos na arquitetura contemporânea. Tem graduação (1999) e mestrado em políticas urbanas (2004) pela mesma faculdade. É autor de diversos artigos sobre arquitetura, cidades, políticas públicas, trabalho na construção civil, e dos livros "Arquitetura Nova" (2002), "Arquitetura na era digital-financeira" (2012) e "The Rent of Form: Architecture and Labor in the Digital Age" (2019). Desde 1999 é integrante do grupo Usina, entidade sem fins lucrativos que presta assessoria técnica a movimentos populares na área de habitação e reforma urbana, da qual foi coordenador por 6 anos. Em 2015 a Usina foi premiada pela Federação Nacional de Arquitetos como melhor escritório do país. Na Unifesp é professor na graduação e pós-graduação no Curso de História da Arte, da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH), no Campus de Guarulhos, e professor colaborador no curso de Geografia, no Campus Zona Leste. Foi Pró-Reitor Adjunto (2013-2017) e Pró-Reitor de Planejamento da Unifesp (2017-2021). Foi Conselheiro titular do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (mandato 2015-2017). Pesquisa e atua principalmente nos seguintes temas: teoria e crítica de arquitetura e arte contemporâneas, arte e política, guerras culturais, políticas e projetos de habitação popular, autogestão e reforma urbana, projeto de equipamentos públicos e políticas de educação superior.

Publicado

2021-11-30

Cómo citar

Fiori Arantes, P., Barboza, I., Okuma, A., & Vilas Boas, A. (2021). Assombro, transgressão e falsificação na estética de combate bolsonarista: Armas discursivas e produção visual na vitória da extrema-direita em 2018. Revista Eco-Pós, 24(2), 90–123. https://doi.org/10.29146/ecopos.v24i2.27710