O espetáculo e a vida infame em Ônibus 174

Autores

  • Carlos de Brito e Mello

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-pos.v9i2.1087

Resumo

Tomemos um instrumento de desenho ou escrita. No suporte utilizado, uma folha de papel, delineamos um retrato, tornando manifesto o conjunto de atributos que o modelo à nossa frente apresenta: a juventude, a serenidade ou o vigor, a raça e a cor. Na extremidade oposta à ponta do lápis -- afastado, portanto, do suporte no qual o retrato se inscreve -- esboça-se não um desenho, mas um desenhar, puro movimento sem fixação que nossa mão produz. A ação pura de desenhar, em que a gestualidade não resulta imediatamente em imagem, configura um espaço em que o traço ainda não é: uma reserva, uma espera que nos retira da posição de observador ou voyeur, e nos torna videntes (Deleuze, 1992:198). Ao mesmo tempo em que ocorre concomitante à fabricação do retrato na folha de papel, o estoque infinito e indecifrável de traços possíveis apresenta-se como uma abertura ao futuro, à virtualidade, a uma escuridão noturna ainda não aclarada pela atualização em formas reconhecíveis. Ao devir, ao acontecimento: “O devir-ilimitado torna-se o próprio acontecimento, ideal, incorporal, com todas as reviravoltas que lhe são próprias, do futuro e do passado, do ativo e do passivo, da causa e do efeitog(Deleuze, 2000:9).

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Publicado

21-02-2009

Como Citar

Mello, C. de B. e. (2009). O espetáculo e a vida infame em Ônibus 174. Revista Eco-Pós, 9(2). https://doi.org/10.29146/eco-pos.v9i2.1087