O cinema intersticial de Myriam Angueira:
autoinscrição, cosmologia e história Mapuche
DOI:
https://doi.org/10.29146/ecopos.v24i2.27656Keywords:
Colonialidade, Cinema indígena, História Mapuche, Documentário, Povos origináriosAbstract
Este estudo analisa o cinema documentário de Myriam Angueira com o objetivo de problematizar as dimensões históricas, autobiográficas e cosmológicas em Newen (2014) entre a colonialidade e a decolonialidade. Fundamenta-se na perspectiva cosmológica Mapuche, nos estudos de cinema, históricos e antropológicos. No diálogo com outras cinematografias, intercalando a poética do recuo e participativa, o olhar de dentro e de fora, o espaço fílmico e histórico, as forças narrativas imanentes dos objetos e da natureza, propõe um percurso sobre, através, com e a partir do documentário Newen. Constata-se que, em situação de colonialidade, de uma escrita indireta de si, autorreferencial e cosmológica, a porosidade das formas e as zonas incontroláveis da linguagem, uma escritura fílmica do mundo histórico não se sedimenta sem mutações, fricções e fissuras, o que se verifica no estado intersticial do seu corpo narrativo, entre o Eu e o Outro, o espaço fílmico e o espaço histórico, a história e a cosmologia Mapuche.
PALAVRAS-CHAVE: Colonialidade. Cinema indígena. História Mapuche. Documentário. Povos originários.
Downloads
References
ANGUEIRA, Myriam. Portal de Myriam Angueira. Disponível em: http://www.myriamangueira.com . Acesso em: 20 mai. 2019.
AUMONT, Jacques. A estética do filme. Campinas, SP: Papirus, 1995.
_____ . O olho interminável. São Paulo: Cosac Naify, 2004.
BELLO, Álvaro. Nampulkafe: el víaje de los mapuches de la Araucanía a las pampas argentínas – territorio, política y cultura en los siglos XIX y XX. Temuco: Ediciones Universidad Católica de Temuco, 2011.
BENGOA, José. Historia del pueblo Mapuche. Santiago: Lom Eds., 2000.
_____. Mapuche, colonos y el estado nacional. Chile: Catalonia, 2017.
BENJAMIN, Walter. O narrador. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 2012. p. 213-240. (Obras Escolhidas I).
BERNARDET, Jean-Claude. Documentários de busca: 33 e Passaporte Húngaro. MOURÃO, Maria Dora; LABAKI, Amir (Org.). O cinema do real. São Paulo: Cosac Naify, 2005. p. 142-157.
BRANIGAN, Edward. O plano-ponto-de-vista. In: RAMOS, Fernão Pessoa (org.). Teoria contemporânea do cinema: documentário e narratividade ficcional. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005. p. 251-276.
CARROLL, Noel. Ficção, não-ficção e o cinema da asserção pressuposta: uma análise conceitual. In: RAMOS, Fernão Pessoa (org.). Teoria contemporânea do cinema: documentário e narratividade ficcional. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005. p. 69-104.
BRASIL, André. Mise-en-abyme da cultura: a exposição do “antecampo” em Pi’õnhitsi e Mokoi tekoá petei jeguatá. Significação, São Paulo, v. 40, n. 40, p. 245-265, 2013.
CASTRO-GÓMEZ, Santiago. Ciências sociais, violência epistêmica e o problema da “invenção do outro”. In: LANDER, Eduardo (org.). A colonialidade do saber. Buenos Aires: Clacso, 2005. p. 80-87.
CAYUQUEO, Pedro. História secreta Mapuche. Chile: Catalonia, 2017.
COLOMBRES, Adolfo (Org.). Cine, antropología y colonialismo. Buenos Aires: Ediciones del Sol/Clacso, 1985.
COMISIÓN de Trabajo Autónomo Mapuche (COTAM). Informe de la Comisión Verdad Histórica y Nuevo Trato - Volumen III, Tomo II. Primera parte del informe final de la Comision de Trabajo Autónomo Mapuche - Capitulo I: Kisu güneluwün zugu Mapuche rakizuam mew. Gülu ka pwel mapu mew “la forma en que nos ordenamos de acuerdo a una filosofía de vida mapunche, en Gulu y Pwel mapu”. Temuco, 2003.
COMOLLI, Jean-Louis. O espelho de duas faces. In: YOEL, Gerardo (org.). Pensar o cinema: imagem, ética e filosofia. São Paulo: Cosac Naify, 2015. p. 165-203.
_____. Ver e poder. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.
CÓRDOVA, Amalia. Estéticas enraizadas: aproximaciones ao video indígena en América Latina. Comunicación y Médios, Santiago, n. 4, p. 81-107, 2011.
DELRIO, Walter; ESCOLAR, Diego; LENTON, Diana; MALVESTITTI, Marisa. Introducción. DELRIO, Walter; ESCOLAR, Diego; LENTON, Diana; MALVESTITTI, Marisa (Orgs.). En el país de nomeacuerdo. Viedma: UNRN. 2018.
DELRIO, Walter. Memorias de expropiación: sometimiento e incorporación indígena en la Patagonia (1872-1943). Bernal: Editorial Universidad Nacional de Quilmes, 2010.
ESCOLAR, Diego’SALDI, Leticia. Castas invisibles de la nueva nación: los prisioneros indígenas de la Campaña del Desierto en el registro parroquial de Mendoza. DELRIO, Walter; ESCOLAR, Diego; LENTON, Diana; MALVESTITTI, Marisa (Orgs.). En el país de nomeacuerdo: archivos y memorias del genocidio del Estado argentino sobre los pueblos originarios, 1870-1950. Viedma: UNRN. 2018. p. 99-136.
FREIRE, Marcius. Documentário. São Paulo: Annablume, 2011.
FUJIWARA, Chris. A crítica e os estudos de cinema: uma resposta a David Bordwell. Contracampo, n. 100, abril. 2013. Disponível em: http://www.contracampo.com.br/100/artcriticafujiwara.htm#Um Acesso: 20 maio. 2019.
GINZBURG, Carlo. Introdução. In: LONGHI, Roberto. Piero della Francesca. São Paulo: Cosac Naify, 2007. p. 7-14.
GUIAS, Colectivo. Antropología del genocidio: identificación y restituición – “colecciones” de restos humanos en el Museo de La Plata. La Plata: De la campana, 2012.
_____. Fueguinos: en el Museo de La Plata – 112 años de ignominia. La Plata: De la campana, 2011.
HOBSBAWM, Eric. Introdução: a invenção das tradições. HOBSBAWM, Eric; RANGER, Terence. A invenção das tradições. São Paulo: Paz & Terra, 2018. p. 7-24
INSTITUTO O’Higginiano de Chile. Instituto – Quienes somos. Disponível em: http://www.institutoohigginiano.cl. Acesso em: 24 maio. 2019.
KATRULAF. Texto 30: cuento del perro y el ratón, dictado por Katrulaf, año 1901. In: LLANQUINAO, Margarita Canio; MENARES, Gabriel Pozo. Historia y conocimiento oral mapuche: sobreviventes de la “Campaña del Desierto y “Ocupación de la Araucanía” (1899-1926). Santiago: LOM Ediciones, 2013. p. 127-129.
MIGNOLO, Walter D. Aiesthesis decolonial. Calle 14, Bogotá, v. 4, n. 4, p. 10-25, 2010.
_____. Desobediencia epistémica. Buenos Aires: Del Signo, 2014.
_____. El lado más oscuro del Renacimiento: alfabetización, territorialidad y colonización. Popayán: Universidad del Cauca / Sello Editorial, 2016.
_____. Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 32, n. 94, p. 1-18, 2017.
_____. A colonialidade de cabo a rabo: o hemisfério ocidental no horizonte conceitual da modernidade. In: LANDER, Eduardo (Org.). A colonialidade do saber. Buenos Aires: Clacso, 2005. p. 33-49.
MOYANO, Adrián. A ruego de mi superior cacique, Antonio Modesto Inakayal. Viedma: FER – Fondo editorial Rionegrino, 2017.
_____. Crônicas de la resistência Mapuche. Barilhoche: Caleuche, 2012.
NICHOLS, Bill. A voz do documentário. In: RAMOS, Fernão Pessoa (org.). Teoria contemporânea do cinema: documentário e narratividade ficcional. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005a. p. 47-68.
_____. Introdução ao documentário. Campinas: Papirus, 2005b.
PACHECO DE OLIVEIRA, João. O nascimento do Brasil e outros ensaios: “pacificação”, regime tutelar e formação de alteridades. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2016.
PENAFRIA, Manuela. O filme documentário. Lisboa: Cosmos, 1999.
PIEDRAS, Pablo. El cine documental en primera persona. Buenos Aires: Paidós, 2014.
RAMOS, Fernão Pessoa. A cicatriz da tomada: documentário, ética e imagem intensa. In: RAMOS, Fernão Pessoa (org.). Teoria contemporânea do cinema: documentário e narratividade ficcional. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005. p. 159-226.
RENOV, Michael. Investigando o sujeito: uma introdução. MOURÃO, Maria Dora; LABAKI, Amir (Org.). O cinema do real. São Paulo: Cosac Naify, 2005. p. 234-257.
SALAZAR, Juan Francisco. Imperfect media: the poetics indigenous media in Chile. 2004. Tese (Doutorado em Filosofia, Comunicação e Mídia) – University of Western, Sidney, 2004.
SARASOLA, Carlos Martínez. La Argetnina de lo caciques: o el país que no fue. Buenos Aires: Del Nuevo Extremo, 2012.
SCHWARCZ, Lilia M. Sobre as imagens: entre a convenção e a ordem”, In: SCHWARCZ, Lilia M.; GOMES, Flávio (Org.). Dicionário da escravidão e liberdade: 50 textos críticos. São Paulo, Companhia das Letras, 2018. p. 43-50.
VEIGA, Roberta. Autobiografia não-autorizada: por uma experiência limiar do documentário. Doc On-line, n. 19, pp. 42-59, mar. 2016
_____. O confinamento de Vanda: uma leitura do dispositivo. Doc On-line, n. 18, pp. 192-215, jul. 2015.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Perspectivismo e multinaturalismo na América indígena. In: VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A inconstância da alma selvagem. São Paulo: Ubu, 2017. p. 299-346.
YEPAN – Revista Electrônica de Cine y Comunicación Indígena. Entrevista Yepan a Myriam Angueira. 18 de agosto de 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=85Lq4Rw2zu0 Acesso em: 21 mai. 2019.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2021 Revista ECO-Pós
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização ou reprodução.
Você tem o direito de:
- Compartilhar — copie e redistribua o material em qualquer meio ou formato.
- Adaptar — remixar, transformar e construir sobre o material para qualquer filme, mesmo comercial.
O licenciante não pode revogar esses direitos, desde que você respeite os termos da licença.
De acordo com os seguintes termos:
- Atribuição — Você deve dar o devido crédito, fornecer um link para a licença e indicar se essas alterações foram feitas. Você pode fazê-lo de qualquer maneira razoável, mas não de maneira que sugira que o licenciante endosse ou aprove seu uso.
- Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos legais ou medidas de natureza tecnológica que restrinjam legalmente outros de fazer algo que a licença permite.
Aviso: A licença pode não fornecer todas as permissões necessárias para o uso pretendido. Por exemplo, outros direitos, como publicidade, privacidade ou direitos morais, podem limitar a maneira como você usa o material.