“Você não deveria estar gravando sem a nossa permissão”:

looping da morte negra e o pelourinho midiático nas imagens

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-ps.v28i2.28347

Palavras-chave:

Pelourinho midiático, Dispositivo de racialidade, Violência, Imagens, Negritude

Resumo

Historicamente os açoitamentos de pessoas negras eram tornados públicos nos pelourinhos como estratégia de controle social dos escravizados e ressarcimento moral dos colonizadores. Considerando que as imagens da negritude forjadas na escravização são atualizadas pelo dispositivo de racialidade (Carneiro, 2023), discutimos neste artigo como a difusão de imagens de violência sobre corpos negros pelo jornalismo e nas redes sociais podem resultar em uma espiral de violência (Martín-Baró, 2012) e terminar por constituir um pelourinho midiático que contribui para o reforço do contrato racial (Mills, 2023).

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Josué Gomes, Universidade Federal de Minas Gerais

Mestre e doutorando em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Bolsista Capes-Proex.  Graduado em Jornalismo pela UFMG. Integra o grupo de pesquisa  ReparAÇÃO – Grupo de Pesquisa e Estudos Interseccionais em Comunicação. Atua nas áreas profissionais do audiovisual, assessoria de imprensa, produção cultural e da educomunicação. Tem interesse de pesquisa em Violência Racial, Afrofuturismo, Cinema Negro, Cinema Brasileiro e Estudos Afrobrasileiros.  

Nayara Luiza de Souza, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutoranda e mestra em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e pós-graduada em Gestão de Marketing pela PUC-Minas.  Co-coordenadora do Projeto de Extensão Uauá-"Cotidianos Intermitentes" e  integrante dos grupos de pesquisa da UFMG Temporona – Coletivo de Ações em Temporalidades e Narrativas, ReparAÇÃO – Grupo de Pesquisa e Estudos Interseccionais em Comunicação, Poder e Resistência e  Insurgente: Grupo de Pesquisa em Comunicação, Redes Textuais e Relações de Poder/Saber. Tem interesse de pesquisa nas intersecções entre Jornalismo, Gênero, Raça; Decolonialidade, Racismo e Racialidade; Pensamento Feminista Negro e Narrativas Jornalísticas.

Pedro Magalhães Mendonça, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutorando em Comunicação Social pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais (PPGCOM/UFMG). Mestre em Comunicação e Temporalidades pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Ouro Preto (PPGCOM/UFOP). Graduado em Jornalismo pela UFOP. Integra os grupos de pesquisa JorNaL (PPGCOM/UFOP) e Escutas (PPGCOM/UFMG). O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001. Bolsista Capes.

Pâmela Guimarães-Silva, Universidade Federal de Minas Gerais

Professora Adjunta do Departamento de Comunicação Social da FAFICH/UFMG e docente permanente do PPGCOM/UFMG. Doutora e mestra em Comunicação Social pela mesma instituição, com pós-doutorado (CAPES/PDPG, 2023-2025). Lidera o grupo de pesquisa ReparAÇÃO – Estudos Interseccionais em Comunicação, Poder e Resistência e co-coordena o projeto Somos Diversas.

Referências

ANDRADE, Francisco. De símbolos da opressão a padrões da liberdade: a preservação de pelourinhos coloniais e o apagamento da memória da escravidão (sécs. XVI-XX). Revista de História, São Paulo, 2022. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/188402. Acesso em 27/06/2024.

ANUÁRIO BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA 2023. São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ano 17, 2023. ISSN 1983-7364.

ATLAS DA VIOLÊNCIA 2024 / coordenadores: Daniel Cerqueira; Samira Bueno – Brasília: Ipea; FBSP, 2024.

BRASÍLIA, Mapa de Segurança Pública 2024 (ano-base 2023). Ministério da Justiça e Segurança Pública/Secretaria Nacional de Segurança Pública. Disponível em: https://l1nk.dev/sAjO9. Acesso em: 27/06/2024.

CARNEIRO, Aparecida Sueli. Dispositivo de racialidade: a construção do outro como não ser como fundamento do ser. 1° ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2023.

GOMES, Josué Victor dos Santos. No rastro de Ikú: uma investigação sobre as imagens da morte em narrativas fílmicas do Cinema Negro Brasileiro (Dissertação de Mestrado em Comunicação Social) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte:2023. Disponível em: http://hdl.handle.net/1843/54047.

GRABOIS, P. F. . Enquadrar o enquadramento: a episteme branca e as máquinas necropolíticas de vigilância racial. In: VI Simpósio Internacional LAVITS: Assimetrias e (In)Visibilidades: Vigilância, Gênero e Raça, 2019, Salvador. Anais do VI Simpósio Internacional LAVITS: Assimetrias e (In)Visibilidades: Vigilância, Gênero e Raça, 2019. p. 1-13.

MARTÍN ‑BARÓ, Ignácio. Acción y ideologia: psicologia social desde Centro América. San Salvador: UCA, 2012.

MBEMBE, Achille. Necropolítica. Arte & Ensaios. on-line] Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/ae/article/view/8993. Acesso em: 10/07/2024.

MENDONÇA, Pedro Henrique Magalhães. O assassinato de Beto Freitas no Carrefour: racismo, genocídio e a construção do acontecimento jornalístico nos sites G1 e UOL. (Dissertação de Mestrado em Comunicação Social) Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana, 2021. Disponível em: https://www.repositorio.ufop.br/handle/123456789/14985.

MILLS, Charles Wade. O contrato racial. 1a Edição. Rio de Janeiro: Zahar, 2023.

MORAES, Fabiana. A Pauta é uma arma de combate: subjetividade, prática reflexiva e posicionamento para superar um jornalismo que desumaniza. 1° ed. Porto Alegre: Arquipélago, 2022.

MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019.

NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. Editora Perspectiva SA, 2016.

NOGUERA, Renato. Necroinfância: por que as crianças negras são assassinadas?, Lunetas. 2020. [on-line] Disponível em: https://lunetas.com.br/necroinfancia-criancas-negras-assassinadas. Acesso em 10/07/2024.

OLIVEIRA, Dennis de. Racismo Estrutural: uma perspectiva histórico-crítica. 1. Ed. São Paulo: Editora Dandara, 2021.

PATERNOSTRO, Vera Íris. O texto na TV: manual de telejornalismo, Rio de Janeiro: Campus, 1999.

SODRÉ, Muniz. Sociedade, Mídia e violência. Porto Alegre: Sulina, 2002.

____________. Claros e Escuros: identidade, povo, mídia e cotas no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2015.

SOUZA, Nayara Luiza de. Amefricanas e imagens de controle: a “Nega Ativa” em coberturas jornalísticas de violência de gênero envolvendo mulheres negras. (Dissertação de Mestrado em Comunicação Social). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte: 2023. Disponível: http://hdl.handle.net/1843/55668.

WILDERSON, Frank B, III. Afropessimismo. São Paulo: Todavia, 2021.

Downloads

Publicado

11-11-2025

Como Citar

Gomes , J., de Souza, N. L., Magalhães Mendonça, P. H., & Guimarães-Silva, P. (2025). “Você não deveria estar gravando sem a nossa permissão”: : looping da morte negra e o pelourinho midiático nas imagens. Revista Eco-Pós, 28(2), 551–575. https://doi.org/10.29146/eco-ps.v28i2.28347