Contraconduta de gênero e corporeidade intersexo no remake de Renascer
O estabelecimento de novas subjetivações a partir da telenovela
DOI:
https://doi.org/10.29146/eco-ps.v28i2.28498Palavras-chave:
Televisão, Contraconduta, Transgeneridade, Intersexo, SubjetivaçãoResumo
Remakes de telenovelas têm se consolidado como estratégias narrativas para atualizar debates sociais relevantes. Em Renascer, exibida pela Rede Globo em 2024, reformulações de personagens ampliam a representação de gênero e das variações corporais intersexo. Este artigo analisa os discursos mobilizados na trama como dispositivos que promovem subjetivações e atuam na regulação dos modos de existência. A partir da transformação da personagem Buba — antes descrita como intersexo e agora reescrita como uma mulher trans — e da introdução de Cacau, um bebê intersexo, observa-se como a novela tensiona normas e visibiliza experiências dissidentes. A análise revela que tais narrativas instauram práticas de contraconduta, entendidas como formas de resistência aos modos hegemônicos de governamento da vida. O remake se configura, assim, como um espaço simbólico de disputa e ressignificação, promovendo a humanização das personagens e a emergência de novas possibilidades de existência.
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