Monstros nunca morrem

estética do colapso e subjetividades queer na ópera monstruosa Mayhem on the Beach, de Lady Gaga

Autores

  • Leonardo Mozdzenski Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-ps.v28i2.28501

Palavras-chave:

Lady Gaga, Teoria Queer, Performance, Estética Monstruosa, Comunicação

Resumo

Este artigo analisa o espetáculo Mayhem on the Beach, apresentado por Lady Gaga em 2025 na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, como uma ópera monstruosa que articula colapso, espetacularização e fabulação especulativa. Ancorado na teoria queer, nos estudos da performance e na estética da monstruosidade, argumenta-se que Gaga transforma corpo e voz em superfícies de afetação coletiva, dramatizando a vulnerabilidade enquanto gesto estético e político. A figura do monstro — elemento recorrente em sua trajetória e ritualizado no monólogo Monsters never die — inscreve-se como uma linguagem de resistência que convoca uma comunidade LGBTQIA+ que sobrevive na fratura e no excesso. O show configura-se, assim, como um acontecimento comunicacional capaz de reconfigurar o espetáculo pop em um espaço de subjetividades dissidentes, performando uma política da presença que reafirma: monstros nunca morrem.

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Biografia do Autor

Leonardo Mozdzenski, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Doutor em Linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE e, atualmente, doutorando em Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFPE. Autor de "Multimodalidade e gênero textual" (Ed. UFPE, 2008). Pesquisador com interesse em cultura pop, análise do discurso midiático, retórica visual, narrativas publicitárias, entre outros temas.

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Publicado

11-11-2025

Como Citar

Mozdzenski, L. (2025). Monstros nunca morrem: estética do colapso e subjetividades queer na ópera monstruosa Mayhem on the Beach, de Lady Gaga . Revista Eco-Pós, 28(2), 417–432. https://doi.org/10.29146/eco-ps.v28i2.28501