Monstros nunca morrem
estética do colapso e subjetividades queer na ópera monstruosa Mayhem on the Beach, de Lady Gaga
DOI:
https://doi.org/10.29146/eco-ps.v28i2.28501Palavras-chave:
Lady Gaga, Teoria Queer, Performance, Estética Monstruosa, ComunicaçãoResumo
Este artigo analisa o espetáculo Mayhem on the Beach, apresentado por Lady Gaga em 2025 na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, como uma ópera monstruosa que articula colapso, espetacularização e fabulação especulativa. Ancorado na teoria queer, nos estudos da performance e na estética da monstruosidade, argumenta-se que Gaga transforma corpo e voz em superfícies de afetação coletiva, dramatizando a vulnerabilidade enquanto gesto estético e político. A figura do monstro — elemento recorrente em sua trajetória e ritualizado no monólogo Monsters never die — inscreve-se como uma linguagem de resistência que convoca uma comunidade LGBTQIA+ que sobrevive na fratura e no excesso. O show configura-se, assim, como um acontecimento comunicacional capaz de reconfigurar o espetáculo pop em um espaço de subjetividades dissidentes, performando uma política da presença que reafirma: monstros nunca morrem.
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