Travecas Travessas: dissident voices in the peripheral pop scene
DOI:
https://doi.org/10.29146/eco-ps.v28i2.28514Keywords:
Communication and Music, Pop-peripheral Music, Travestilities, Sexual and Gender Dissidences, ArtivismAbstract
Este artigo analisa as performances do trio travesti Travecas Travessas na cena musical pop-periférica de Bauru (SP), investigando como corpo, som e estética se tornam tecnologias de enfrentamento político, expressão identitária e reconfiguração territorial. A partir de uma imersão comprometida e anotada em suas apresentações e práticas artísticas entre 2023 e 2024, observa-se como essas artistas elaboram um artivismo transfeminista que tensiona normas de gênero, sexualidade e pertencimento em contextos urbanos do interior paulista. Com destaque para a noção de atravecamento, discute-se como suas produções performáticas instauram uma estética da putaria que desestabiliza os regimes cisheteronormativos e reinscreve subjetividades travestis em espaços tradicionalmente interditos. O artigo propõe compreender tais práticas como formas de reexistência e criação cultural nos interstícios da cena pop-periférica brasileira.
Downloads
References
BHABHA, Homi K. O local da cultura. London, New York, 1998.
BENEVIDES, Bruna G. Dossiê: assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras em 2024. Disponível em: https://antrabrasil.org/wp-content/uploads/2025/01/dossie-antra-2025.pdf. Acesso em: 10 mai. 2025.
BENNETT, Andy; PETERSON, Richard. Musical scenes: Local, virtual, translocal. Nashville: Vanderbilt, 2004.
BUTLER, Judith. Corpos em aliança e a política das ruas: notas para uma teoria performativa de assembleia. Editora José Olympio, 2018.
______. Corpos que importam: os limites discursivos do “sexo”. N-1. 2019.
CARRILLO, J.; PRECIADO, B. Entrevista com Beatriz Preciado. Revista poiésis, v. 11, n. 15, p. 47-71, 2010.
CARVALHO, Nilton Faria de; VARGAS, Herom. ESCUTA MUSICAL E NARRATIVAS: diferença e alteridade nos processos comunicacionais. Revista Observatório, v. 9, n. 1, p. a2pt-a2pt, 2023.
CICCO, Shelton Ygor Joaquim de; PELÚCIO, Larissa. “No interior não tem nada para fazer”: derivas das sexualidades no interior paulista. Revista Periódicus, v. 1, n. 9, p. 345-376, 2018.
COLLING, Leandro. A emergência dos artivismos das dissidências sexuais e de gêneros no Brasil da atualidade. Sala Preta, v. 18, n. 1, p. 152-167, 2018.
DUMARESQ, Leila. Ensaio (travesti) sobre a escuta (cisgênera). Revista Periodicus, v. 1, n. 5, p. 121-131, 2016.
ECAD. Nicki Minaj faz 40 anos. Ecad, 08 dez. 2022. Disponível em: https://www4.ecad.org.br/noticias/nicki-minaj-faz-40-anos/. Acesso em: 09 mar. 2025.
FREIRE FILHO, João. Das subculturas às pós-subculturas juvenis: música, estilo e ativismo político. Contemporânea, v. 3, n. 1, 2005.
G1. Apuração das Eleições em Bauru. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/eleicoes/2024/resultado-das-apuracoes/bauru.ghtml. Acesso em: 15 abr. 2025.
G1. Eleições em Bauru (SP): Veja como foi a votação no 2º turno. Bauru, 31 out. 2022. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2022/10/31/eleicoes-em-bauru-sp-veja-como-foi-a-votacao-no-2o-turno.ghtml. Acesso em: 15 abr. 2025.
GHIRARDELLO, Nilson. Bauru em temas urbanos. Editora ANAP, 2020.
GUIMARÃES, R.; BRAGA, Cleber. Ruídos anti-hegemônicos na música brasileira contemporânea: dissidências sexuais e de gênero. Artivismos das dissidências sexuais e de gênero, p. 309-337, 2019.
GUMES, Nadja Vladi; ARGOLO, Marcelo. MATERIALIZAÇÕES DO ATIVISMO NEGRO NA CENA DE MÚSICA POP DE SALVADOR. Ação Midiática–Estudos em Comunicação, Sociedade e Cultura., 2023.
HERSCHMANN, Micael; FERNANDES, Cíntia S. Música nas ruas do Rio de Janeiro. São Paulo: Intercom, p. 272, 2014.
HERSCHMANN, M.. Nas bordas e fora do mainstream musical. Novas tendências da música independente no início do século XXI.. 1. ed. São Paulo: Estação das Letras e Cores Editora, 2011. v. 1. 420p.
JANOTTI JR., Jeder. Sobre o valor dos gêneros musicais: desvelando as encenações do rockcentrismo nas categorizações musicais. Galáxia (São Paulo), v. 49, p. e64068, 2024.
______. Entrevista – Will Straw e a importância da ideia de cenas musicais nos estudos. Revista ECompós. Focando na escuta: som, música e comunicação, v. 15, n. 2, 2012.
JANOTTI JR., Jeder; PIRES, Victor. “Entre os afetos e os mercados culturais: as cenas musicais como formas de mediatização dos consumos musicais”. In: JANOTTI JR., Jeder e outros (orgs.). Dez anos a mil: mídia e música popular massiva em tempos de internet. Porto Alegre: Simplíssimo, 2011.
JORNAL, Nexo. A música e os corpos políticos, com Linn da Quebrada. YouTube, 17 mai. 2018. Disponível em: . Acesso em: 25 nov. 2024.
MARTINO, Luís Mauro Sá. Mediação e midiatização da religião em suas articulações teóricas e práticas: um levantamento de hipóteses e problemáticas. Mediação & midiatização. Salvador: EDUFBA, p. 219-244, 2012.
MAZER, Dulce. Retórica do passeio: a cartografia de cenas musicais como método de pesquisa. In: Anais do Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2017. p. 1-15.
MOMBAÇA, Jota. Não vão nos matar agora. Rio de Janeiro: Cobogó. 2021.
MOREIRA, Larissa I. 2018. Vozes transcendentes. São Paulo: Hoo Editora.
MOTA, Edinaldo Araujo. Sereias do asfalto, bonecas e outras bichas: apontamentos sobre cenas transviadas e violências de gênero no Brasil. methaodos. revista de ciencias sociales, v. 10, n. 1, p. 102-117, 2022.
NEVES, Thiago Tavares; LACAVA, Vyullheney Fernandes de Araújo. Devir-trans: atravessamentos corporais, políticos e artísticos na cultura pop. Tropos: comunicação, sociedade e cultura, 2020.
PELÚCIO, Larissa; MACIEL, Leonardo Silva. “Ela tem pau, e a outra também tem pau”: Atravecamentos pop-poc-periféricos na música transviada das Irmãs de Pau. Revista Brasileira de Estudos da Homocultura, v. 6, n. 21, p. 137-157, 2023.
PEREIRA, Lívia Maria Dantas; DIAS, Morena Melo; ROLIM, Mário AOM. “Se me calam é porque minha voz assusta”: política e performance musical a partir do cancelamento de Linn da Quebrada na parada LGBTQ+ de João Pessoa (PB). Tropos: comunicação, sociedade e cultura, v. 9, n. 2, 2020.
PEREIRA, Pedro Paulo Gomes. Queer decolonial: quando as teorias viajam. Contemporânea-Revista de Sociologia da UFSCar, v. 5, n. 2, p. 411-411, 2015.
PEREIRA, Simone Luci. Circuito de festas de música “alternativa” na área central de São Paulo: cidade, corporalidades, juventude. Revista FAMECOS: mídia, cultura e tecnologia, v. 24, n. 2, 2017.
RINCÓN, Omar. Mutações bastardas da comunicação. MATRIZes, v. 12, n. 1, p. 65-78, 2018.
______. O popular na comunicação: culturas bastardas+ cidadanias celebrities. Revista Eco-Pós, v. 19, n. 3, p. 27-49, 2016.
ROCHA, Rose de Melo. Artivismos musicais de gênero e suas interfaces comunicacionais. In: 42º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação–Intercom. 2019.
ROCHA, Rose de Melo; NEVES, Thiago Tavares das. “Deixa eu bagunçar você”: Liniker e atravessamentos do trans. In: Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, vol. 41, 2018.
SÁ, Simone Pereira de. Cultura digital, videoclipes e a consolidação da Rede de Música Brasileira Pop Periférica. Revista Fronteiras, v. 21, n. 2, 2019.
______. Música Pop-periférica brasileira: videoclipes, performances e tretas na cultura digital. Editora Appris, 2021.
SÁ, Simone Pereira de; CUNHA, Simone Evangelista. Controvérsias do funk no YouTube: o caso do Passinho do Volante. Revista Eco-Pós, v. 17, n. 3, 2014.
SANTOS, Diogo Gabriel Bernardo. O poder do TikTok: uma nova forma das organizações comunicarem. The Trends Hub, n. 3, 2023.
SILVA, João G. O. “Caju” de Liniker atinge a marca de 100 milhões de streams no Spotify. Inmagazine, 23 out. 2024. Disponível em: . Acesso em: 27 nov. 2024.
SODRÉ, Muniz. Antropológica do espelho: uma teoria da comunicação linear e em rede. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
STRAW, Will. Cenas culturais e as consequências imprevistas das políticas públicas. SÁ, Simone Pereira de; JANOTTI JR., Jeder (Org.). Cenas Musicais, v. 1, 2013.
______. Communities and scenes in popular music. In: GELDER, Ken, THORNTON, Sarah (ed). The subcultures reader. New York: Routlegde, 1997. pp. 494-505.
______. Scenes and Sensibilities. E-Compós. Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação. Brasília: 2006.
______. System of Articulation, Logics of change: Communities and scenes in popular music Scenes and Communication in Popular Music. Cultural Studies. Vol. 5, n. 3, 1991, pp. 368-388.
PEDRO, Thomaz. Funk no Brasil: proibidão, putaria, música e cultura. In: Anais da XIII Semana de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Paulo (UFscar), 2015, p. 155-167.
TROTTA, Felipe. Cenas musicais e anglofonia: sobre os limites da noção de cena no contexto brasileiro. Cenas musicais, v. 1, 2013.
______. O samba e suas fronteiras:" pagode romântico" e" samba de raiz" nos anos 1990. Editora Ufrj, 2011.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2025 Larissa, Leonardo

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização ou reprodução.
Você tem o direito de:
- Compartilhar — copie e redistribua o material em qualquer meio ou formato.
- Adaptar — remixar, transformar e construir sobre o material para qualquer filme, mesmo comercial.
O licenciante não pode revogar esses direitos, desde que você respeite os termos da licença.
De acordo com os seguintes termos:
- Atribuição — Você deve dar o devido crédito, fornecer um link para a licença e indicar se essas alterações foram feitas. Você pode fazê-lo de qualquer maneira razoável, mas não de maneira que sugira que o licenciante endosse ou aprove seu uso.
- Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos legais ou medidas de natureza tecnológica que restrinjam legalmente outros de fazer algo que a licença permite.
Aviso: A licença pode não fornecer todas as permissões necessárias para o uso pretendido. Por exemplo, outros direitos, como publicidade, privacidade ou direitos morais, podem limitar a maneira como você usa o material.








